segunda-feira, 18 de julho de 2016

Olimpiada da exclusão - A luta e resistência das favelas.


O mundo está prestes a ver o maior evento esportivo que será realizado aqui no Rio de Janeiro, as olimpíadas.  O cenário está sendo montado para os milhares de turistas que são esperados aqui. Eles só irão ver o Rio de Janeiro que querem que vejam, ou seja, uma cidade que não condiz com a nossa realidade do dia a dia. Uma cidade totalmente diferente daquela que lutamos constantemente para vivermos e sobrevivermos.

A olimpíada para nós, começou bem antes da abertura dos jogos que será realizada no dia 05 de agosto de 2016. Desde 2010/2011 que já sofremos na carne, nas estruturas de nossas casas e nos locais de lazer da nossa comunidade. O nosso principal esporte aqui é lutar e resistir contra todas as investidas que a prefeitura do Rio fez para nos remover e expulsar de nossas casas. A nossa medalha, é a nossa permanência aqui na Providência. Queremos os direitos que nos cabe, o direito de ter o que todos os outros locais do Rio tem: regularização fundiária, serviços de qualidades, escolas que funcionem, posto médico que solucione e previna as demandas da saúde, sair de casa a qualquer hora e ter a certeza que não seremos alvejados...entre tantos outros.

A nossa visão de legado desta olimpíada não confere com a visão de legado do prefeito. Eis o nosso legado: Uma região portuária maquiada que isola os moradores da Gamboa, Santo Cristo e Saúde; Que exclui a primeira favela do Brasil, o Morro da Providência; Que retira o bairro do Cajú da área intitulada como  Porto Maravilha e o abandona. Um Parque Olímpico que desintegra toda uma comunidade, a Vila Autódromo, de seu mapa. Um plano de urbanização de comunidades que remove mais de 60 mil pessoas no Rio de Janeiro para realização dos jogos olímpicos. Uma política de segurança que mata pobre, negro e favelado de todas as idades diariamente nas favelas cariocas como justificativa de combate a violência. Uma educação que fecha escolas e desvaloriza e humilha seus professores em detrimento a obras de adequação para as olimpíadas, que enriquece todos aqueles que são parte nessas obras.

Essa cidade, nunca será mostrada ou noticiada em nenhum canal de TV, revista ou jornal. Essa cidade, é a nossa cidade olímpica de todos os dias. Nela, temos que suar sangue, conter o nosso desespero, chorar os nossos mortos, clamar a Deus por por mais um dia de vida, por misericórdia por irmãos e irmãs que nem conhecemos, mas nos solidarizamos com eles por tanto massacre, tanto desprezo, tanta opressão que sofremos diariamente por esse estado que não se cansa de mentir e fingir garantir direitos para nós moradores de favelas. Só acredita quem não conhece a favela por dentro.

Uma vida, uma esperança!
Uma favela, uma história!
Lutando e resistindo para alcançar um sonho!

Morro da Providência, mais de um século de existência, de luta, de resistência e  de perseverança.

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sábado, 14 de maio de 2016

Chega de mortes nas Favelas! Favelado também tem direitos!



Após uma semana de muita tensão, preocupação e medo em nosso Morro, sempre temos a esperança de que os dias vindouros serão melhores e quem sabe com alguma possibilidade de paz e tranquilidade para todos nós moradores.
Nesta atual conjuntura de tanta morte e baleados nas favelas diariamente, ESPERANÇA, verdadeiramente é o que nos move para seguirmos em frente. A morte de um favelado, seja aqui ou em qualquer outra favela, não pode ser visto como algo comum, um engano natural de uma incursão policial, uma falta de sorte do atingido ou uma ação do acaso. Somos pessoas com sentimentos, sonhos, planos e direitos. Não queremos ter a nossa caminhada aqui na terra finalizada por um projétil de fuzil. A morte naturalmente, é algo que nos traz tristeza, vazio, perda, independente de quem seja, se é parente, conhecido ou não. Quando se mata numa comunidade pobre dessa forma tão violenta, indiferente e natural pela mão daqueles que deveriam prover a segurança como vimos e ouvimos ao longo de tantos anos, isso nos causa uma profunda dor no íntimo de nossa alma, pois o desconhecido que morre hoje, pode ser o conhecido de amanhã, um de nossa família ou até mesmo um de nós. 
Porque a política de segurança nessas comunidades são sempre para atirar antes....e procurar saber dos antecedentes depois? Será que não percebem que há milhares de moradores que estão no raio de ação dos tiros e nos atingir é algo que acontecerá quer queiramos ou não, quer estejamos atentos ou não. Será que numa eventual troca de tiros dentro de um condomínio de luxo (algo difícil de se ver) da zona sul ou Barra da Tijuca do Rio as ações e atitudes são iguais? Porque?
Parece que estamos sendo abatidos como animais em tempo de caça sem direitos ou escolhas. Quantas crianças, jovens e adultos não morreram por conta de operações policiais, quantos sonhos, projetos e planos não foram desfeitos? Quantas famílias foram arrasadas pela mesma situação?
O que o estado faz para mudar? Nada... O número de moradores atingidos e mortos só aumentam a cada dia as estatísticas dessa política de segurança pública do nosso estado, pois é para isso que eles acham que servimos, só números em estatísticas.

A favela apesar de ser um local com suas especificidades e dificuldades, ela tem valor. Quando falamos do valor da favela, falamos de seus moradores que tanto trabalharam para se sustentar para desenvolvê-la.
Chega de tiros, balas perdidas e mortes.

A morte na favela, nunca será algo comum pra nós.
Comum é termos o direito de subir e descer a comunidade sem ser rotulado pela polícia ou por aqueles que não conhecem a favela e julgam ter nelas tudo de ruim possível e imaginário.


Moramos na favela e somos pessoas de valores e com valores.


sábado, 12 de março de 2016

Capela Nossa Senhora da Penha - Uma igreja histórica do Morro da Providência


Capela de Nossa Senhora da Penha

Morro da Providência



Quem sobe a escadaria do alto do morro da Providência se depara com a Capela de Nossa Senhora da Penha. Alguns historiadores acreditam que tenha sido construída no início do século XX. Mas há indícios que a capela seja mais antiga. Sendo um ambiente tranquilo e acolhedor, inspira paz e proporciona um excelente local de descanso para o visitante que sobe a escadaria com mais de 160 degraus. É importante ressaltar, que o visitante também pode conhecer um pouco mais da história da primeira favela do Rio de Janeiro.
A Capela de Nossa Senhora da Penha é cercada de lendas e histórias fantásticas que enriquecem o folclore local. Histórias como o casamento e a figura de branco no coro da capela, mexem com a imaginação dos moradores à décadas. Segundo alguns antigos moradores, reza a lenda que todo lugar sagrado tem sempre alguém que toma conta, seja no mundo visível ou no mundo invisível.
A Capela está ligada à Paróquia Sagrada Família e as celebrações acontecem sempre no terceiro domingo de cada mês. Além das celebrações a capela tem aulas de reforço escolar e aulas de capoeira. O reforço escolar acontece de segunda a sexta das 17:30 as 19:30 e as aulas de capoeira acontecem as segundas e quartas das 19:00 as 20:30. Essa, é a capoeira na qual fizemos um post no dia 15/01/2015. É só ver nas postagens anteriores e conferir.
Vale ressaltar, que esses projetos acontecem pela boa vontade daqueles que acreditam numa favela melhor a partir dessas iniciativas, pois não têm nenhum apoio financeiro e ou material de nenhuma instituição ou grupo político ou religioso.
Venha conhecer de perto a história dessa capela histórica do Morro da Providência.


  



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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

A Favela e suas transformações residenciais.


Favela - De zinco, madeira, barro e alvenaria. 



O Morro da Providência mudou muito dos seus primórdios até os dias atuais. Porém, poucas  dessas mudanças foram feitas por meio da intervenção do poder público em nossa favela, levando em consideração é claro, as mudanças que foram realizadas pelos próprios moradores. 
Quando falamos de mudanças, estamos nos referindo principalmente das casas e sua infraestrutura. Recebemos poucas e ou quase nenhuma intervenção necessária e digna de ser louvada pelos moradores. As intervenções sofridas aqui, sempre tiveram um interesse escuso por trás das realizações. Os próprios moradores com sua força, garra e fé tem construído e contribuído para uma nova favela,  uma favela resistente, dinâmica e protagonista da sua história.



 





AS FAVELAS ESTÃO CANSADAS DE SEREM ATACADAS, DISCRIMINADAS. ELAS PRECISAM SER AJUDADAS, AUXILIADAS SEM INTERESSES POLÍTICOS OU FINANCEIROS, RESPEITANDO A SUA VIVÊNCIA E AS SUAS EXPECTATIVAS.  

Percebemos que para a imprensa em geral e para as pessoas que não conhecem a vida cotidiana dos moradores das favelas, que eles acham que todos nós moradores de favelas somos pessoas de má índole, trapaceiros, sem estudo, nem profissão, OU SEJA, DESQUALIFICADOS. Isto não é verdade. Isso é um equívoco sobre a favela. Aqui dentro, há um povo que trabalha e batalha diariamente para viver e sobreviver diante de tantas dificuldades e preconceitos. Continuamos excluídos pela sociedade com falta de verdadeiras oportunidades sociais, culturais e econômicas. Mas isso não minimiza nossa vontade e perseverança de mudar tudo isso.
Sitando uma fala de um engenheiro conhecido nosso: "Quem tirou os riscos das casas na favela foram os moradores da própria favela" (Maurício Campos), pois eles transformaram a favela da madeira e do zinco, para o pau a pique. Do pau a pique para a alvenaria. Das telhas de amianto e chapas de zinco para as lajes pré moldadas e  concreto.

Não destruam as favelas. Não tentem exterminar a nossa história, a nossa cultura e o nosso povo.
Construam, recuperem, restaurem, colaborem...
A favela é parte importante da história de nossa cidade, estado e país.

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domingo, 31 de janeiro de 2016

Largo da Igreja - Um ponto central do Morro da Providência


Saudações meus companheiros, amigos e visitantes!


É com grande prazer que retomamos a regularidade de publicação de nosso blog. Esperamos que acompanhem quinzenalmente nossas postagens com fatos, relatos e depoimentos de moradores do Morro da Providência, valorizando a nossa história e a nossa cultura faveleira, sempre apresentando uma comunidade pela perspectiva do morador, que luta e que vence em meio a tanta dificuldade.

O assunto de hoje é sobre um dos locais mais importantes e emblemáticos da comunidade da Providência:

Largo da Igreja.


Foto tirada da internet.
Foto do livro Fatos e fotos Gamboa


O Largo da Igreja no alto do Morro da Providência, bem no final da escadaria, é um local de muito valor histórico para o Rio de Janeiro e principalmente pra nós moradores por se tratar de um espaço a frente de uma igreja centenária. Quem conhece a Igreja N. S. da Penha no alto da Providência? De acordo com relatos dos bem mais antigos e da pouca história publicada sobre essa igreja, ela foi construída no alto do morro, numa época quando ainda não tinha quase nada aqui.

Foto  autor desconhecido
Foto R Marinho


Esse local é e continuará sendo sempre um local de grandes lembranças e vivências para todos os moradores que aqui residem. Apesar das tantas transformações sofridas ao longo do tempo, o Largo nunca deixou de ser um local de encontros, eventos e confraternizações, tanto para as crianças quanto para os adultos. Quem não lembrará dos campeonatos organizados no campo de terra batida de dimensões irregulares a beira de uma pedreira, dividida apenas por uma tela? Depois de alguns anos, o campo passou a ser separado por um pequeno muro de pedra e posteriormente por um grande e alto muro de tijolo. Lembramos também das festas juninas com quadrilhas de crianças e adultos, tão frequentadas por pessoas de todo o complexo da Providência e adjacência. Não podemos esquecer as festas comemorativas: dias dos pais, das mães, dia de São cosme e São damião, dia das crianças, natal e ano novo. De vez em quando ocorria umas festas com a presença de alguns cantores para alegrar os moradores que levavam uma vida tão difícil  e dura, e esse momento era a única opção de extravasar as angustias e as dores da rotina diária.
Não tem como o morador antigo, raiz da favela dizer que nunca jogou bola ou brincou no Largo, até porque era um local democrático e não havia idade para fazer parte das brincadeiras, como cascudinho, pula corda, pular elástico, arrasta na lama, taco, pique bandeira, carniça entre outras. O Largo sofreu suas transformações ao longo do tempo. O campo de terra batida deu lugar a quadra de cimento e depois passou a ser um adro de convivência que apesar da transformação não deixou de ser utilizada por nós moradores.
O tempo e as circunstâncias, juntamente com os interesses políticos e financeiros, fizeram e fazem com que as nossas crianças percam seus espaços de lazer aqui no morro, e por consequência perdem também essa cultura faveleira das brincadeiras inventadas e criativas das favelas.

Temos que valorizar a nossa comunidade e nos apropriar de forma coletiva e perceptível daquilo que é nosso de fato e por direito. Valorizemos entre os nossos essa cultura faveleira rica, alegre e divertida que ultrapassaram épocas e gerações.

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